O texto vencedor do concurso está aqui, o texto da Laetitia Poullain. e eu devo admitir que fiquei um pouco decepcionado porque recebi pouquíssimos textos. De qualquer forma os textos que eu recebi ficaram bons ótimos =]
Sra. Morte
De cabeça baixa e com passos lentos, ele andava como quem nada espera, uma cena comum um sua vida nos últimos anos. Na feição nada mudara, tal qual seu temperamento. O olhar marcado pelo desânimo, o andar pela ansiedade, a postura pela melancolia. Nota-se que ele usava um lenço escondido, no pescoço.
Porém, dessa vez, havia uma diferença, uma ansiedade oculta à visão dos outros, para que não a notassem, o que fez muito bem. Hoje, não iria para casa simplesmente, como sempre fazia, havia alguém a sua espera. Um encontro.
Há muito tempo almejava tal encontro, mas não tinha coragem de marca-lo. Agora, via que o destino era esse, não havia outra maneira ou desculpa para abortá-lo. Quem o esperava, causava-lhe imensa sedução, sabia que precisava dela. Todos já ouviram falar sobre a tal, mas nem todos a conheciam de verdade. Hoje, era o dia de ele saber quem ela era.
Chegou a seu destino, seu apartamento simples em que morava sozinho há alguns longos anos, sem expectativas de mudança, não só de endereço. O ambiente era sombrio como quem o habita, e lá ele a pode sentir. Bela e tentadora, tão negra que chegava a causar palidez. A muitos, ela intimidaria, como já aconteceu com ele, mas não via mais motivo para isso, afinal, ela era tão doce e tranquila.
Aproximou-se, e, agora de joelhos, disse:
- Casa comigo, Sra. Morte?
E firmando o lenço forte em volta de sua garganta, pode ouvi-la dizer “Sim”.